Desde o seu surgimento, a psicanálise teve uma relação ambivalente com a cultura em que se inseria. A nova disciplina, surgida em Viena no final do século passado, propunha uma visão crítica da sociedade, privilegiando as motivações inconscientes para os comportamentos individuais e grupais. Ao mesmo tempo, procurava ser aceita socialmente, como uma disciplina científica respeitável, que oferecia um novo e revolucionário tratamento para os problemas mentais.
Embora a recepção inicial pela sociedade tenha sido fria e até mesmo hostil, as idéias psicanalíticas progressivamente foram tendo aceitação e, em graus variáveis, conforme cada local, chegaram a ter uma enorme influência sobre a cultura ocidental.
Freud é considerado um dos principais pensadores do século XX, e por muitas décadas suas contribuições dominaram o cenário psiquiátrico, psicológico e das demais áreas da saúde mental, bem como tiveram marcante presença no mundo das artes e na forma de entender as manifestações emocionais das pessoas, das famílias e dos grandes grupos. A sociedade religiosa daquela época reprimia veementemente todo e qualquer sentimento que fosse de encontro aos preceitos formadores da moral.
Os instintos sexuais eram os mais reprimidos, visto que a religião e a moral da sociedade concorriam para isso. Mas, é aí que o mecanismo de censura torna-se mais falho, permitindo assim que apareçam sintomas neuróticos. Explicando a sua teoria da sexualidade, Freud afirma que há sinais desta logo no início da vida extra uterina, constituindo a libido.
A libido envolve do nascimento à puberdade, períodos de gradativa diferenciação sexual. A primeira fase é chamada de período inicial, onde a libido está direcionada para o próprio corpo, oral e analmente. A segunda fase, o período edipiano, que se caracteriza por uma fixação libidinal passageira entre os 4 e os 5 anos, também conhecida como "complexo de Édipo", pelo qual a libido, já dirigida aos objetos do mundo exterior, fixa a sua atenção no genitor do sexo oposto, num sentido evidentemente incestuoso. Por fim o período de latência, iniciado logo após a fase edipiana, só irá terminar com a puberdade, quando então a libido toma direção sexual definida.
Todo o edifício teórico da psicanálise está fundado na compreensão do sujeito perante suas defesas e estratégias para interagir com o mundo externo através daquilo que ele consegue identificar como sendo o seu ser, o qual se move na busca incessante de realizar seus desejos.
Esses períodos ou fases são essenciais ao desenvolvimento do indivíduo, se ele as resolver bem será sadio, porém qualquer problema que porventura ele tiver em superá-las, certamente iniciará um processo de neurose. Assim, Freud desenvolveu um método de tratamento que se pode igualar a uma "arqueologia da alma", onde o psicanalista busca trazer à luz as experiências traumáticas passadas que provocaram os distúrbios psíquicos do paciente, fazendo com que assim, ele encontre a cura.