segunda-feira, julho 16, 2012

Fantasmas



Há muito tempo, por volta dos séculos XVI e XVII, na Inglaterra, acreditava-se que fantasmas eram aparições de pessoas condenadas ao Purgatório, pois as que estavam no Céu ou no Inferno não poderiam sair de nenhum dos dois mundos, pois era de acordo aos seus merecimentos; as primeiras porque eram espíritos puros e as segundas porque eram espíritos maus, portanto condenados por toda a eternidade. Ambos os lugares já tinham suas definições concretas. O mesmo não se caracterizava para o Purgatório, pois, neste, os espíritos poderiam deslocar-se pela Terra por não serem nem tão bons nem tão maus, por isso, tinham a “permissão”, do Universo (Deus, pai de todos nós), para irem ao encontro de oportunidades (condição para o caminho da depuração) que, a depender das suas vontades e inclinações, ajudavam ou atrapalhavam.
Em seu livro, “Contos de Fantasmas”, no primeiro capítulo, onde trata dos casos verídicos, o escritor inglês, Daniel Defoe, narra a história de um mordomo que tem a proteção do “fantasma” de um idoso, quando a casa, que está sob sua guarda, é invadida por ladrões, a aparição amedronta os intrusos, fazendo-se aparecer em vários cômodos ao mesmo tempo.
Como no relato do livro de Defoe, essa aparição foi de um espírito desejoso de depuração (retomando a crença da época), aproveitando a oportunidade para iniciar o seu processo de, se assim posso dizer, “boas obras”. Geralmente esses espíritos eram de pessoas da família ou de pessoas conhecidas.
O próprio dramaturgo inglês, William Shakespeare, em “Hamlet”, um príncipe dinamarquês que perdeu o pai em condições desconhecidas, mostra a luta de Hamlet para descobrir o que realmente aconteceu ao seu pai. E, em um dos atos, o rei Hamlet aparece para revelar a verdadeira causa da sua morte (fora envenenado pelo próprio irmão, Claudius, que tomou o trono e, em seguida, casou-se com a mãe de Hamlet, Gertrude) e pede ao filho que o vingue. O príncipe, atordoado com a confissão, se vê mergulhado num sentimento de vingança e incertezas. Essa aparição foi, sem dúvida, um exemplo de espírito vingativo.
Para os reformistas, da primeira geração, os fantasmas não eram um problema, pois, para eles, a crença em espectros era sustentada pelo clero papista para explorar a credulidade popular e reforçar sua autoridade.
Independente do tempo ou localidade, o interessante é termos conhecimento dos acontecimentos e pensamentos de pessoas de outras culturas; e, se fizermos uma reflexão acerca do assunto, veremos que atualmente não é tão discordante do passado, claro que atualmente temos outras tantas crenças que nos permitem refletir pelo que for mais sensato e óbvio para nós, segundo os nossos ensinamentos.

Márcia Velanes Borges