Uma mulher
aparentando uns sessenta anos, viajava de trem pela Europa apreciando as mais
belas paisagens que os seus olhos podiam ver.
Em cada paisagem que passava ela lembrava-se de alguns anos
da sua vida. Viu-se aos cinco anos de idade colhendo margaridas brancas e amarelas,
colocando algumas nos cabelos outras entregava a sua mãe que se encontrava
perto.
Depois, viu-se aos nove anos saindo da escola, sorrindo com
as colegas.
Aos quinze anos, ela estava dançando valsa com o seu pai no
centro de um amplo salão, todos os convidados admiravam a sua graciosidade.
Viu-se aos dezesseis anos, debruçada sobre o parapeito de uma
ponte sobre um jardim aquático, pensativa olhando para as mais belas flores, o
seu rosto refletia nas águas do lago, era jovem.
Numa certa paisagem ela via-se saindo do cinema com o seu
primeiro namorado, estava com dezoito anos. Viu-se casando aos dezenove.
Viu passar por ela a sua formatura de graduação, a alegria de
ter concluído um de seus sonhos aos vinte e dois anos de idade.
Aos trinta anos estava com um grupo de pessoas amigas, conversando
alegremente e esperando a passagem do ano novo.
Viu-se aos quarenta e cinco anos, com os filhos no dia de
natal.
Os filhos cresceram, uns constituíram famílias, outros
procuraram caminhos humanísticos. Ela estava só novamente.
Mesmo sentindo saudade daqueles momentos de sua vida, era
muito bom lembrar, trazia o passado feliz!
Percebeu que foi muito feliz durante os anos que viveu, tanto
com a família ou entre amigos, e até mesmo com pessoas as quais só teria visto
aquela única vez.
Então, ao completar cinquenta anos percebeu que seria mais
feliz ainda se dedicasse a sua vida, dali em diante, a ajudar pessoas
necessitadas de tudo, tanto materialmente quanto espiritualmente. Percebeu que
um sorriso, uma palavra amiga no momento certo, ou escutar os desabafos, seria
um calmante para a alma.
“Dedicado a todas as
mulheres que, em algum momento, se imaginaram presentes em uma dessas
paisagens!”