domingo, março 08, 2015

A Passagem do Tempo




Uma mulher aparentando uns sessenta anos, viajava de trem pela Europa apreciando as mais belas paisagens que os seus olhos podiam ver.
Em cada paisagem que passava ela lembrava-se de alguns anos da sua vida. Viu-se aos cinco anos de idade colhendo margaridas brancas e amarelas, colocando algumas nos cabelos outras entregava a sua mãe que se encontrava perto.
Depois, viu-se aos nove anos saindo da escola, sorrindo com as colegas.
Aos quinze anos, ela estava dançando valsa com o seu pai no centro de um amplo salão, todos os convidados admiravam a sua graciosidade.
Viu-se aos dezesseis anos, debruçada sobre o parapeito de uma ponte sobre um jardim aquático, pensativa olhando para as mais belas flores, o seu rosto refletia nas águas do lago,  era jovem.
Numa certa paisagem ela via-se saindo do cinema com o seu primeiro namorado, estava com dezoito anos. Viu-se casando aos dezenove.
Viu passar por ela a sua formatura de graduação, a alegria de ter concluído um de seus sonhos aos vinte e dois anos de idade.
Aos trinta anos estava com um grupo de pessoas amigas, conversando alegremente e esperando a passagem do ano novo.
Viu-se aos quarenta e cinco anos, com os filhos no dia de natal.
Os filhos cresceram, uns constituíram famílias, outros procuraram caminhos humanísticos. Ela estava só novamente.
Mesmo sentindo saudade daqueles momentos de sua vida, era muito bom lembrar, trazia o passado feliz!
Percebeu que foi muito feliz durante os anos que viveu, tanto com a família ou entre amigos, e até mesmo com pessoas as quais só teria visto aquela única vez.
Então, ao completar cinquenta anos percebeu que seria mais feliz ainda se dedicasse a sua vida, dali em diante, a ajudar pessoas necessitadas de tudo, tanto materialmente quanto espiritualmente. Percebeu que um sorriso, uma palavra amiga no momento certo, ou escutar os desabafos, seria um calmante para a alma.
 “Dedicado a todas as mulheres que, em algum momento, se imaginaram presentes em uma dessas paisagens!”

M.V.Borges